Em 1990, um equipamento lançado ao espaço prometia ampliar os horizontes da astronomia. 35 anos depois, o Telescópio Espacial Hubble não só cumpriu essa promessa como redefiniu o que sabemos sobre o cosmos.
Mesmo com o surgimento de telescópios mais modernos, como o James Webb, o Hubble continua sendo uma peça essencial da exploração espacial, reunindo milhões de observações, dados preciosos e imagens que marcaram gerações.
Neste artigo, você vai entender por que o Hubble é considerado um dos instrumentos científicos mais importantes da história, como ele permanece ativo após tanto tempo, e quais desafios ameaçam seu futuro.
Uma revolução em órbita

Lançado em 24 de abril de 1990 por uma parceria entre a NASA e a ESA (Agência Espacial Europeia), o Hubble orbita a cerca de 550 km da Terra, livre das distorções da atmosfera.
Esse detalhe simples — estar no espaço — permitiu que o telescópio captasse imagens e dados com uma nitidez inigualável.
Desde então, ele tem sido testemunha e registrador de eventos cósmicos extraordinários, como:
- A colisão do cometa Shoemaker-Levy 9 com Júpiter, em 1994;
- As icônicas imagens dos Pilares da Criação, da Nebulosa da Bolha e do Hubble Deep Field;
- A descoberta de atmosferas com vapor d’água em exoplanetas, mesmo sem ter sido projetado para isso.
Seu impacto vai além das imagens: o Hubble refinou a estimativa da idade do Universo para 13,7 bilhões de anos, confirmou a presença de buracos negros supermassivos no centro das galáxias, detectou sinais de oceanos subterrâneos nas luas de Júpiter e ajudou a comprovar que o universo está em expansão acelerada — evidência da misteriosa energia escura.
Por que o Hubble ainda é insubstituível?

Com o lançamento do poderoso Telescópio Espacial James Webb, muitos acreditaram que o Hubble seria aposentado. Mas a verdade é outra: os dois telescópios se complementam, cada um observando o cosmos em faixas diferentes do espectro eletromagnético.
- Hubble: especializado em luz visível e ultravioleta, ideal para capturar fenômenos luminosos como estrelas jovens, aglomerados e estruturas galácticas.
- James Webb: foca no infravermelho, revelando objetos encobertos por poeira cósmica e luz tênue, como estrelas em formação e galáxias distantes.
Juntos, eles oferecem uma visão mais completa e profunda do Universo. Enquanto o Webb revela o invisível, o Hubble fornece detalhes que só a luz visível pode mostrar.
Além disso, o Hubble possui vantagens únicas:
- Resolução espacial incrível e campo de visão abrangente, capazes de detalhar desde tempestades em Júpiter até estruturas em galáxias distantes;
- Familiaridade dos cientistas com seus instrumentos, o que torna as análises mais ágeis e eficazes;
Um arquivo gigantesco com mais de 400 terabytes de dados e 22 mil artigos científicos publicados, que seguem sendo referência global.
Uma jornada de superação tecnológica

Nem tudo foi perfeito ao longo desses 35 anos. Logo após seu lançamento, o Hubble apresentou um defeito em seu espelho primário, comprometendo a nitidez das imagens.
Mas em 1993, astronautas da missão STS-61 corrigiram o problema — uma das primeiras grandes manutenções em órbita da história.
Desde então, o telescópio passou por cinco missões de manutenção, realizadas até 2009.
Essas intervenções não apenas consertaram problemas técnicos, mas também atualizaram seus instrumentos, prolongando sua vida útil muito além dos 15 anos inicialmente previstos.
Hoje, mesmo operando com apenas um giroscópio funcional, o Hubble segue observando o cosmos — embora precise de constantes ajustes manuais.
O futuro do Hubble está em risco?

Apesar de sua importância científica e cultural, o Hubble enfrenta ameaças reais à sua continuidade. O maior inimigo, neste momento, não é técnico, mas orçamentário.
Propostas recentes preveem cortes de até 50% no orçamento da NASA para áreas como Astrofísica e Ciência Planetária, o que afeta diretamente a manutenção e operação de telescópios como o Hubble.
Outro fator de risco é o arrasto atmosférico, que, mesmo em órbita, exerce influência sobre o telescópio. Estima-se que, sem intervenção, o Hubble possa reentrar na atmosfera terrestre por volta de 2030.
Um legado eterno no céu

Mesmo diante dos desafios, o Hubble segue ativo e relevante. Em 2025, para celebrar seus 35 anos, a NASA e a ESA divulgaram novas imagens deslumbrantes de Marte, da Nebulosa da Roseta e de galáxias distantes, acompanhadas da hashtag #Hubble35.
Não se trata apenas de fotos bonitas. O Hubble representa o poder da ciência, da colaboração internacional e da curiosidade humana. Ele inspirou gerações, educou milhões e ajudou a moldar o entendimento moderno do cosmos.
Conclusão: muito mais que um telescópio

O Telescópio Espacial Hubble é um ícone da ciência moderna. Sua longevidade, precisão e impacto cultural o tornam insubstituível.
Mais do que observar estrelas, ele nos mostrou que, mesmo diante de limitações, é possível alcançar o impossível quando investimos em conhecimento, cooperação e inovação.
Enquanto orbita silenciosamente sobre nossas cabeças, o Hubble continua a nos lembrar de uma verdade fundamental: quanto mais olhamos para o universo, mais descobrimos sobre nós mesmos.
E você? Já parou para imaginar o que o Hubble ainda pode revelar nos próximos anos? Deixe nos comentários a sua resposta!
Fontes:
- Canal Tech: hubble-telescopio-espacial;
- Canal Tech: o-futuro-do-hubble;
- Olhar digital: telescopio-ainda-e-insubstituivel;
- Olhar digital: hubble-35-anos.